Selected Paper/ Paper Seleccionado
"Por uma antropologia decolonial: afeto, teoria e politica"
(Português)
O contexto de uma universidade pública, localizada no nordeste brasileiro e fruto de demandas históricas do movimento negro brasileiro, tais como acesso à educação para a população negra e política de reparação para com o continente africano, tem sido o "chão do vivido" onde emerge uma proposta teórico-metodológica pautada nas dimensões do afeto, teoria e política. Tal proposta, emerge no campo da antropologia das populações afro-brasileiras como um território de disputas epistêmicas em torno de temas como (des) colonização, racismo , epistemicídio e intelectuais afro-diaspóricas. É assim que desde 2018, momento em que o país adere a um projeto político de governo marcado pelo negacionismo científico, avesso à educação pública e a conquistas de direitos como as ações afirmativas, que como professora me vi cada vez mais diante de estudantes brasileiros e africanos, especialmente as mulheres negras, que diante da incerteza do futuro acadêmico provocada pelo contexto sociopolítico, indagam-me sobre o sentido do fazer científico e do seu lugar na universidade. Nesse cenário foi preciso refazer rotas e (re)pensar caminhos de um fazer científico pautado não na "neutralidade científica", mas no acolhimento das subjetividades que moldam maneiras diversas de ser e estar no mundo; de um fazer científico que reconhece outras epístemes e trajetórias intelectuais, para além dos "clássicos" eurocentrados e, por fim englobar as dinâmicas das relações de poder ainda vigentes socialmente, como o racismo e sexismo, por exemplo. Nesse tripé formado pelo "afeto, teoria e política" desenham-se produções de conhecimento inovadoras e posturas de vida que reafirmam existências. Devo dizer o marco temporal em que emerge essa proposta vem precedido de uma trajetória em que a autora já se viu imersa, como estudante universitária negra da geração pré ações afirmativas. Desde aquela época , já me defrontava com as ausências e lacunas de um fazer científico em que intelectuais negros(as), por exemplo, não faziam parte das ementas das disciplinas ou que ser egressa de movimento social negro, não recomendava alguém que desejasse ser uma intelectual. Foi preciso - e ainda é - alinhar esse fazer científico com referências como Lélia Gonzalez, Antenor Firmin, Zora Hurston, Frantz Fanon entre outros(as) que nos provocam a revisitar e/ou descobrir o afeto, a teoria e a política como parte de uma formação intelectual.antropologia;afeto;teoria;politica;Unilab
presenters
Vera Rodrigues
Nationality: Brazil
Residence: Brazil
Unilab - Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira
Presence:Online