A GENEALOGIA DO DISCURSO ECOLÓGICO MODERNO – UMA ANÁLISE FOUCAULTIANA

(Português)

O conceito de antropoceno demarca o momento em que seres humanos tornam-se mais que agentes biológicos, sendo também uma força geofísica capaz de transformar paisagens e eventualmente prejudicar a vida no planeta, seu desenvolvimento marca o início de uma nova era no que diz respeito as análises sobre os impactos humanos e suas relações com a natureza. A partir de uma abordagem arqueogenealógica, como a proposta na obra de Michel Foucault, objetivaremos analisar as origens e desenvolvimento das teorias modernas sobre a ecologia, buscando identificar e examinar rupturas e continuidades nesse tema a partir dos conceitos de: sujeito, poder e saber, em suas profundas imbricações. Para identificar o discurso corrente a respeito do tema, analisaremos os principais documentos dos organismos internacionais que versam sobre a problemática ambiental, entre eles: Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o Acordo de Paris (2015) e os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODS). Após a análise do discurso corrente e utilizado no desenvolvimento de políticas contra as catástrofes ambientais, realizaremos um contraponto baseado nas estratégias de resistência e subversão a partir do perspectivismo ameríndio brasileiro, problematizando o lugar dos intelectuais outsiders no que diz respeito as narrativas sobre o “fim do mundo” e possíveis críticas ao modelo atual de crescimento econômico. Para isso, utilizaremos as obras de Ailton Krenak, o primeiro indígena a entrar na Academia brasileira de letras (ABL), entre elas: “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019); “A vida não é útil” (2020) e “Futuro ancestral” (2022), e a obra “A queda do céu” (2015) de Davi Kopenawa.